quarta-feira, 2 de novembro de 2011

...


vastidão vazia
desencontro fugaz
cores perdidas
solidão tardia
vozes distantes
abismo que invade
o começo da tarde.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Beleza brutal

Água batendo
Deserto na rua
Suor escorrendo
Tua pele nua
Sol em silêncio
Vento no espelho
Contornos reflexos
Cores de areia
Sons desconexos
O desejo vagueia
Vestido vermelho
Sonho tão perto
Acordo distante
Tudo é incerto
Em você desperto

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

...

no silêncio da tua pele, nua
teus contornos tocam meus poros
que se abrem na tua respiração, nua
para escutar teu corpo dormir, em mim

terça-feira, 12 de julho de 2011

...

se eu pudesse
adiava a distância
só pra respirar 
a tua presença

quinta-feira, 30 de junho de 2011

...

a beleza pode ser uma cor
um toque, uma respiração
a beleza pode ser uma dor
um rosto, uma fascinação
ou, simplesmente, um afeto

segunda-feira, 27 de junho de 2011

...

desisti do futuro
esqueci o passado
inventei no presente

quinta-feira, 16 de junho de 2011

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O que de nós se perdeu tanto faz
Quanto de nós não restou se desfez
O que de nós nos sobrou tanto fez
Enquanto o que não morreu se desfaz

quarta-feira, 15 de junho de 2011

sexta-feira, 3 de junho de 2011

...

Ruas escuras
Uma noite fria
Calçadas vazias
Passos se perdem
Mãos quase tocam
Cabelos se soltam
No vento esquecido
Será a eternidade?
Teu beijo me escapa
Estou tão longe de casa
Lembro que não tenho casa
Pego um ônibus, até o metrô

segunda-feira, 4 de abril de 2011

...

Amor sem nome, amor que não consome
Amor inteiro, amor que cala o desespero
Amor sem pressa, amor que nunca cessa
Amor latente, amor que todo dia aprende
Amor sem razão, amor que acalma o coração
Amor estranho, amor que entra nas entranhas
Amor sem definição, que só pode ser o que já é

sábado, 2 de abril de 2011

Vagar

No meio daquela tarde
Em um pedaço de cama
A lentidão fugaz
Do prazer de tocar
Invade os corpos
Nus
Aquecidos
Entorpecidos
No meio daquela tarde
Em um pedaço de sol
A liberdade inebriante
Do prazer de se entregar
Arrasta os corpos
Nus
Destemidos
Enternecidos
Naquele instante de calor
Cada pedaço se multiplica
Músculos tensamente relaxados
Contraem e enrijecem
Molham e se molham
Nus
Estendidos
Incandescidos
Naquele instante de fervor
Cada um
Dois
Absolvidos pela vontade
Sem culpa de estar
Conectados para o prazer
Naquele instante de ardor
Cada dois
Um
Absorvidos pela luz
Que delicada
Toca pedaços de pele
Na tarde daquele sol
Um pedaço de cama
Aquece as entranhas
Prepara o êxtase
Na tarde daquela cama
Um pedaço de sol
Espalha o desejo
Altera os sentidos
E transforma o tempo
Em um pedaço
De eternidade

sábado, 19 de março de 2011

...

Esqueço o antes
Abandono o depois
Dissolvo todas as horas
Ignoro tantas demoras
Multiplico todos os agoras
Para simplesmente estar
No tempo da eternidade

segunda-feira, 14 de março de 2011

café e esperança

tenho pulado almoço
atropelado jantar
sentido sede

tenho andado a pé
tomado chuva
buscado a fé

tenho observado as cores
atravessado as noites
virado os dias

tenho tropeçado em amores
escorregado em paixões
enganado as dores

tenho ignorado o tempo
apressado o vento
desafiado a razão

tenho perdido a mão
achado o sol
morado só

mas hoje tenho amado demais
vivido de café e esperança
e esquecido até do futebol

...

Toco em tuas mãos
Como se tocasse
Teu corpo inteiro

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Bússola

Quero correr no vento da noite
Quero nadar na corrente do mar
Quero saltar da ponte mais alta
Quero sentir o vazio do ar
Quero atravessar o medo da estrada
Quero aprender decifrar teu olhar
Quero viver até o fim da madrugada
Quero ser outro pra poder te amar

Azul

O céu nem sempre foi azul
e só ficou azul por causa do mar.
O mar, com seus micro-organismos,
produziu a substância azulada do ar.
E o céu, em retribuição, coloriu o mar.




O amor

Tenho múltiplos interesses. Meu cérebro passeia por tantas áreas. Da astronomia à gastronomia. Numa velocidade espantosa. Caleidoscópica. Voo rasante sobre arte, ciência, filosofia, estupidez. Emaranhado em ecologias, economias, músicas instrumentais, geometrias fractais, cálculos diferenciais e integrais, tensões sexuais. Perdido pelo mundo. Cinema mudo, lutas de vale-tudo. Xadrez, francês, espanhol, futebol, direito ambiental. Até contabilidade social. São tantas rotas, itinerários, contas a pagar. Meu cérebro não para. A não ser quando escrevo. Porque escrevo só. Só com o coração. Lá onde toda minha trivialidade fica exposta. Onde tudo é tão irrelevante. Exceto o amor. Quando escrevo, só existe o amor. E do amor, não compreendo quase nada.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Espiral

Deslocado no tempo
espaço, só passo
vento, invento
um sol escasso,
alimento do vento
desinvento, o tempo.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Um

quero vagar pelo teu corpo
e abandonar meu corpo
inteiro no teu corpo
até o meu corpo
ser teu corpo
um corpo
corpo

corpo
um corpo
ser teu corpo
até o meu corpo
inteiro no teu corpo
e abandonar meu corpo
quero vagar pelo teu corpo

Fugidia

O rosto se esconde 
A boca me ilude
O gesto confunde
Mãos se recolhem
Olhos se perdem
Tua pele não toca
As pernas se calam
Meus sensos não falam
Os corpos não agem
O tempo se esquece
O calor entorpece
A fala me expulsa
O desejo não escolhe
Meu coração pulsa
Escrevo irregular
Sem simetria
Você não pode ser 
Fugaz como eu
Tento me dissipar
Sem nunca te beijar 
Teu beijo me mata

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

...

A dor de cada um
A dor do outro
A dor daqui
De todo lugar
A dor é uma só
É a dor do mundo

...

Por trás de cada desencanto
Havia tanto em cada canto
Por trás de cada desencanto
Havia tanto em cada espanto
Por trás de cada desencanto
Havia tanto em cada pranto
Por trás de cada desencanto
Havia tanto em nós encanto

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Retalhos

Às vezes vejo um pedaço dos teus cabelos. Ou a metade do teu rosto.
Um dia vi parte das tuas costas. Numa tarde vi o teu vestido.
Às noites vejo a sombra dos teus seios. Teus contornos.
Ontem ouvi tua voz. Era madrugada. E o quarto vazio.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Memórias


Nada é mais livre do que o mar. Ninguém pode aprisionar o mar, que avança sobre os continentes. Impassível. Se me tornasse um prisioneiro e vivesse numa cela escura, alimentaria meus dias pela memória do mar. A simples lembrança do vento sobre o mar aberto, já seria suficiente para viver livre em qualquer lugar.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

...

Há vezes em que a força
de um amor é tão imensa
que não é possível repeti-la,
nem mesmo com a pessoa
objeto desse amor,
nunca mais...

 

domingo, 2 de janeiro de 2011

Pai e filha

Sempre que encontro Beatriz o coração dela dispara no abraço. E fica acelerado um tempo. O meu quase para. Só pra escutar o dela. Até que os dois corações se equilibram. Entram no mesmo compasso. Que fica retido na memória. Essa é a nossa linguagem.

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