Entornei o caldo, queimei o pão, passei do ponto
Mordi a língua, espremi limão, adocei com sal
Derrubei a sopa, tomei um choque, caiu o botão
Perdi o bonde, larguei a chave, quebrei o prato
Manchei a roupa, errei o nome, esqueci o texto
Saí do tom, troquei o passo, chutei de canela
Pisei na poça, queimei o beiço, cai da cama
Prendi o dedo, recebi em moeda, furei o bolso
Fiquei sem troco, esfreguei o olho, rasguei a calça
Bati os dentes, parei na esquina, acabou a gasolina
Chouveu granizo, cortei o pé, andei descalço
Faltou a luz, subi de escada, entrei no chuveiro
Secou a água, caiu a toalha, molhei o chão
Virou o vento, peguei sarampo, vivi de escambo
Cheguei aqui, escrevi fiado, falei truncado
E não contei nem a metade da missa...
sábado, 28 de março de 2009
terça-feira, 24 de março de 2009
Desocupação
Determinação oficial
De justiça
Legalidade estrita
De direito
Positivo
Impositivo
Execução civil
Civilizada
Codificada
Justificada
Ação de desabrigar
Pessoas, alimentos, camas, estantes, mesas
Roupas, móveis, livros, brinquedos, fotos
O lanche separado, a lição de casa, o aquário...
Coisas ensacadas
Malas apressadas
Memórias arrancadas
Lembranças cortadas
Resta o espaço vazio
Esvaziado à força
Só sobra a poeira
Dos restos de ontem
Incerteza
Medo
Desproteção
Abandono
Despejo
De justiça
Legalidade estrita
De direito
Positivo
Impositivo
Execução civil
Civilizada
Codificada
Justificada
Ação de desabrigar
Pessoas, alimentos, camas, estantes, mesas
Roupas, móveis, livros, brinquedos, fotos
O lanche separado, a lição de casa, o aquário...
Coisas ensacadas
Malas apressadas
Memórias arrancadas
Lembranças cortadas
Resta o espaço vazio
Esvaziado à força
Só sobra a poeira
Dos restos de ontem
Incerteza
Medo
Desproteção
Abandono
Despejo
segunda-feira, 23 de março de 2009
Vazio
Nas ruas, carros, luzes,
pedestres, afoitos.
Nas lojas, filas, produtos,
consumidores, aflitos.
Nas casas, móveis, paredes,
casais, alheios.
Nos bares, bebidas, anônimos,
cardápios, atônitos.
Em mim, pernas, braços,
pensamentos tardios,
espaços vazios.
Em todo lugar, solidão.
pedestres, afoitos.
Nas lojas, filas, produtos,
consumidores, aflitos.
Nas casas, móveis, paredes,
casais, alheios.
Nos bares, bebidas, anônimos,
cardápios, atônitos.
Em mim, pernas, braços,
pensamentos tardios,
espaços vazios.
Em todo lugar, solidão.
sexta-feira, 20 de março de 2009
quinta-feira, 19 de março de 2009
Sutil
Em meio aos ruídos do mundo
Uma voz destoa e sobressalta
Com sons delicados
Torna-se única
Música
Uma voz destoa e sobressalta
Com sons delicados
Torna-se única
Música
Conforto
O hábito
Torna habitável
Qualquer espaço
Torna suportável
Qualquer cansaço
Torna palatável
Qualquer pedaço
De qualquer coisa
Habitual...
Torna habitável
Qualquer espaço
Torna suportável
Qualquer cansaço
Torna palatável
Qualquer pedaço
De qualquer coisa
Habitual...
Presença
Em som suave
Sua voz chegou
Rompeu o passado
Reavivou o presente
Inventou o futuro
Acolheu o agora
Tornou leve o escuro
Desvendou o amor
E trouxe a vida de vez
Sua voz chegou
Rompeu o passado
Reavivou o presente
Inventou o futuro
Acolheu o agora
Tornou leve o escuro
Desvendou o amor
E trouxe a vida de vez
terça-feira, 17 de março de 2009
segunda-feira, 16 de março de 2009
Insônia
As horas se estreitam
Quando as luzes se apagam
Nas semanas cansadas de outono
Com os restos de vento
Do fim da tarde
Os sons se misturam
As noites se arrastam
Pelos cantos dos quartos
O sono mal chega e se vai
E os lençóis se acalmam
Enquanto os corpos paralisam
De medo da manhã
Que tarda a chegar
Até que num piscar de olhos
Tudo escurece
Amanhece
Quando as luzes se apagam
Nas semanas cansadas de outono
Com os restos de vento
Do fim da tarde
Os sons se misturam
As noites se arrastam
Pelos cantos dos quartos
O sono mal chega e se vai
E os lençóis se acalmam
Enquanto os corpos paralisam
De medo da manhã
Que tarda a chegar
Até que num piscar de olhos
Tudo escurece
Amanhece
Rendição
A boca seca
A mão esfria
O olho turva
A perna treme
A voz embarga
O coração dispara
Por quê?
Você!
A mão esfria
O olho turva
A perna treme
A voz embarga
O coração dispara
Por quê?
Você!
Incomparável
Nada é tão marcante como seus olhos
A não ser suas mãos, quando se abrem
Ou suas pernas, quando se dobram
Seus pés, descalços
Seus cabelos, intactos
Sua pele, delicada
Só comparáveis a sua boca, vermelha
E suas curvas em movimento, agora
Tão desconcertante como você, inteira
Em todas as horas...
A não ser suas mãos, quando se abrem
Ou suas pernas, quando se dobram
Seus pés, descalços
Seus cabelos, intactos
Sua pele, delicada
Só comparáveis a sua boca, vermelha
E suas curvas em movimento, agora
Tão desconcertante como você, inteira
Em todas as horas...
Separação
Primeiro o desejo
Depois a paixão
O amor
A dor
O rancor
A indiferença
O vazio
E por fim
O fim
Depois a paixão
O amor
A dor
O rancor
A indiferença
O vazio
E por fim
O fim
domingo, 15 de março de 2009
Destinação
Inseparados
Dia a dia
Entrelaçados
Membro e membro
Colados
Boca na boca
Atados
Beijo a beijo
Obstinados
Desejo e desejo
Justapostos
Alma na alma
Unificados
Corpo ao corpo
Destinados
Vida a vida
Dia a dia
Entrelaçados
Membro e membro
Colados
Boca na boca
Atados
Beijo a beijo
Obstinados
Desejo e desejo
Justapostos
Alma na alma
Unificados
Corpo ao corpo
Destinados
Vida a vida
O cômputo da dor
O computador
Não computa
A dor
Páginas substituem ruas
Meninas quase nuas
Exposição virtual
Sofrimento real
Desesperanças
Crianças
Envelhecidas pelo uso
Abandonadas por abuso
Infância roubada sem retorno
Sem brinquedo nem adorno
Imagens, cores, rostos, expostos
Solidão, crime, castigo, corpos
Dispostos em arquivos mortos
De almas prematuras
Que se calam
Na dor não computada
Das vidas amputadas
Não computa
A dor
Páginas substituem ruas
Meninas quase nuas
Exposição virtual
Sofrimento real
Desesperanças
Crianças
Envelhecidas pelo uso
Abandonadas por abuso
Infância roubada sem retorno
Sem brinquedo nem adorno
Imagens, cores, rostos, expostos
Solidão, crime, castigo, corpos
Dispostos em arquivos mortos
De almas prematuras
Que se calam
Na dor não computada
Das vidas amputadas
Compasso
Esperar nascer, andar, falar, crescer
Esperar a mãe voltar do trabalho
O pai voltar da viagem
A irmã casar, a outra engravidar
A sobrinha nascer, o sobrinho vingar
O ano novo chegar, a aula acabar
O aniversário, as férias, o natal, a rabanada
Esperar o primeiro amor
Os amores intermediários
Os amores imaginários
Os amores que nunca chegam
Esperar...
A vez
A identidade
A profissão
O trabalho
O salário
O elevador
A casa
Esperar a noiva no altar
O padre abençoar
O divórcio sair
O juiz assinar
A ressaca passar
Esperar...
O filho crescer
A filha não crescer
O passado passar
O presente chegar
O futuro não acabar
Esperar a mãe voltar do trabalho
O pai voltar da viagem
A irmã casar, a outra engravidar
A sobrinha nascer, o sobrinho vingar
O ano novo chegar, a aula acabar
O aniversário, as férias, o natal, a rabanada
Esperar o primeiro amor
Os amores intermediários
Os amores imaginários
Os amores que nunca chegam
Esperar...
A vez
A identidade
A profissão
O trabalho
O salário
O elevador
A casa
Esperar a noiva no altar
O padre abençoar
O divórcio sair
O juiz assinar
A ressaca passar
Esperar...
O filho crescer
A filha não crescer
O passado passar
O presente chegar
O futuro não acabar
Cruzamento
Vidas cruzadas
Entrelaçadas
Ao acaso
Na procura
Solitária
De unidade
Um desejo
Um instante
Mesmo antes
Por todo depois
Desde sempre
Encontro de dois
Dois corpos
Inseparáveis
Na cadência
Dessa rotina
Imprevisível
Repetitiva
Desconcertante
Circular
De paixão
Sedução
Devoção
Vocação
Para unir
Criar
Ser e estar
Viver e conviver
Lado a lado
A expressão absoluta
Do surpreendente amor
Entrelaçadas
Ao acaso
Na procura
Solitária
De unidade
Um desejo
Um instante
Mesmo antes
Por todo depois
Desde sempre
Encontro de dois
Dois corpos
Inseparáveis
Na cadência
Dessa rotina
Imprevisível
Repetitiva
Desconcertante
Circular
De paixão
Sedução
Devoção
Vocação
Para unir
Criar
Ser e estar
Viver e conviver
Lado a lado
A expressão absoluta
Do surpreendente amor
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